Saturday, October 13, 2007

A tal da doce rotina

Eu não sabia exatamente porque tinha escolhido esse título, para esse blog.
Ontem, me perguntaram isso e eu não sabia exatamente o que dizer.
Talvez por isso, tenha pensado no assunto o dia todo hoje.
O que é mesmo isso, de rotina? E - mais difícil ainda - quando é que ela se dá?
Lembrei-me subitamente da minha sogra, que, no dia do meu casamento, ao abraçar-me, entre lágrimas, ela me disse: "Cuide do seu casamento. Nunca deixe o seu casamento cair na rotina, nunca..." Ela podia ter dito tanta coisa. Podia ter dito felicidades, podia ter dito pra nos respeitarmos, pra que eu fosse paciente, podia ter dito tantas outras coisas, mas o que ela mencionou, foi a rotina. E ela, que já teve um casamento desfeito, certamente sabia o que falava...
Mas eu ainda não compreendo. Não compreendo porque as pessoas insistem em fugir da rotina, se ela é inevitável. Porque as pessoas armam tantos planos, tais quais bandidos pra roubar um banco, mas apenas para afastar seus casamentos da rotina. E, ainda assim, pelo que vejo, não conseguem. A rotina está aí e nos arrebata sem que possamos nos dar conta. Eu não sei em dia ela começa... Em que ponto ela começou pra você? Quando você deixou de se arrumar antes de dormir. Que dia foi que você achou que rímel depois é tão chato de tirar que seu marido nem notava e foi jantar com ele sem maquiagem? Quando foi que você usou o listerine bebendo direto da boca, sem por no copinho, e nem se importou que ela viu? Ou quando foi que ela falou que estava gorda pela primeira vez e você não disse nada?Quando? Quando deixamos de ser apenas gentis e educados e doces, para sermos verdadeiros? Quando deixamos de ser vaidosas para sermos preguiçosas?
E eu me pergunto também... Será que foi naquele dia, em que eu pus as meias por cima da calça do pijama, pela primeira vez? Será que foi no dia em que eu que eu cheguei da festa suada e cansada, e, mesmo assim, mesmo sabendo que precisava de um banho, caí morta na cama, e achei que ele nem ia se imncomodar? Ou será que foi naquele noite em que eu dormi com o creme de pepino no rosto? Mas o creme de pepino deixa a pele ótima no dia seguinte... E eu forrei o travesseiro com uma toalha. Será que foi isso?
Talvez eu nunca saiba. Talvez ninguém saiba. Mas ela vem e é invitável. Pior, é irreversível. Se você já se acostumou a dormir com o seu pijama furado e, sei lá, hipoglos no rosto, vai ser difícil deixar esse hábito de forma definitiva. Pode ser que você diminua. Que você faça isso menos vezes. Pode ser. Mas vai ser dificílimo usar aquele pijaminha lindo e descômodo, ainda mais nos dias frios...
A rotina é como um vírus. Um vírus da gripe, que, cedo ou tarde, te pega. O ponto, então, não é eliminá-lo, até porque é impossível... O ponto chave é aprender lidar com a rotina. Aprender a conviver com ela e - mais - aprender a gostar dela.
E porque não? Porque não rir do seu cabelo desgranhado todas as manhãs? Porque não tirar de vez as meias do seu marido, todas as noites. E rir disso. E, apesar de odiar, ver a delícia que é ter o seu amor ali, se sentindo seguro com você. Tão seguro a ponto de não tirar as meias pretas, nem mesmo quando está só de cueca...
Porque não amar tê-lo em casa todas as noites, seguidas noites tê-lo ao seu lado. Porque não adorar ter alguém quem faça mel e limão quando você está resfriado? Porque não amar cada passo previsível que ela vai dar e você sabe, até melhor do que ela, cada um deles? Porque não valorizar quando ele pergunta "que?" pra uma frase sua que ele já entendeu, mas quer ganhar tempo porque não sabe o que dizer?
É tolo e bobo, como tudo o que se torna repetitivo. Mas porque não ser doce e terno, justamente porque permanece? Porque vocês podiam ter desistido já... Ah, quantas vezes você pensou em desistir? Mas vocês insistiram... E, apesar das meias, dos cremes, apesar até das piores coisas - que só vocês dois conhecem - , vocês permaneceram e, vira e mexe, ele te faz rir como fazia quando vocês eram adolescentes. Vira e mexe, ele te incentiva, como se você ainda tivesse 22 anos. Vira e mexe, você se sente com 22 anos. É raro, mas ele te faz sentir assim, e você não troca esse sentimento por nenhum homem jovem lindo e sem meias... Até porque, não demoraria muito, esse homem se tornaria velho e vestiria as meias pretas. Ou pior, iria dormir com creme de pepino no rosto... Vai saber...

14 comments:

Anonymous said...

Kika, fiquei muuuuuuuito surpresa e feliz quando soube de mais uma de suas facetas tão bacana. Amei o texto e me senti mais segura, quando percebi que não estou só em saborear com entusiasmo minha deliciosa rotina, ao lado do meu amor de meias pretas. Seja aqui ou na Itália a rotina é a mesma, mas ao lado dele a rotina é mais alegre e colorida. Bjs Celinha..

Anonymous said...

É a tal da "intimidade" tão gostosa e tão temida... mas como é bom ter o amor de meias pretas ao nosso lado, noite após noite. É delicioso!
A rotina, doce rotina é a mesma em São Paulo, na Itália e aqui em Minas... :D
Beijos, belo texto!

Mari Monici said...

Querida....seu bom humor é que é doce. Acho que as pessoas usam a rotina pra justificar a flat d eolhar o outro...mas acho que ela não é problema não. Crianças precisam de rotina pra se sentirem seguras...eu preciso dela tb, e preciso de parceira pra fugir dela vez ou outra. Adorei...mas pepino a gente tb come e descasca né? :))
Beijo

Débora Böttcher said...

Interessante essa sua visão, mas eu discordo de algumas coisas. Intimidade não pode ser sinônimo de falta de respeito. Nas relações íntimas é imprescindível que nunca se perca parte da cerimônia; de outra forma, amiga, mesmo com amor, não há casamento que resista, viu? Pode acreditar em mim... :)
Beijo.

Unknown said...

acredito que quando vc perde alguém, como eu perdi, após 20 anos de casamento esta rotina faz muita falta... conhecer o outro e ser tudo igual é muito bom queria voltar o tempo e me sentir feliz sabendo que quando ele me beijava com uma ansiedade sem tamanho era pq ele não sabia qual seria o ultimo beijo

Marrie said...

Olá... é a primeira vez q aqui venho. Gostei muito de todos os textos mas com relação a este em particular gostaria de dizer q concordo,sim, q devamos aceitar a rotina índiscutivelmente imposta pelo dia-a-dia. No entanto, aceitar não significa propriamente render-se, conformar-se, acostumar-se. Pense nisso........ tenho 9 anos de um casamento feliz e apaixonado, com crises, altos e baixos e rotina. Mas, buscamos sobreviver a ela, sempre!
bjs e prazer em conhecê-la

. said...

É engraçado que vivemos uma vida inteira querendo agradar o outro,nesse caso nosso marido.Vivemos nos cobrando quase que diariamente sobre isso.Não posso fazer isso,não posso fazer aquilo,o que será que ele vai pensar?
Então passamos uma vida tentando acertar,tentando não fazer nada de errado para que ele nos admire e nos ame.
No fundo somos todas inseguras....ouvi de muitas amigas,essa de colocar pijama...rsss...não abandonei o vício de jeito nenhum,porque sinto muito frio e se eu não me aquecer,não consigo dormir,mesmo tendo meu marido a meu lado,que sente muito calor e não gosta de dormir colado...arre,tchê...
Nós mulheres,somos engraçadas mesmo,só pensamos neles e eles não são assim,são mais razão do que coração.Somos casados há 28 anos e sinto que o tempo não passou para mim.Sou até hoje muito romântica,já fui muito ciumenta,mas agora sou bem menos...mas cá prá nós:no inverno não deixo de colocar meu pijama de flanela e nem minhas meiinhas de lã ?Eu heim?kkkk;....
Abraços...
Sonia novaes

Zezel said...

Lembrei de uma cena do filme/documentário "a gente é pra o que nasce", lembra? das cegas cantoras da Paraíba. Perguntam a Maria porque ela tinha tanta certeza que seu marido a amava e ela responde: porque ele passava perfume todo dia, antes de se deitar comigo... Achei lindo!A delicadeza de estar cheiroso para o outro.
Adoro rotina! Adoro ficar à toa e adoro dormir agarrada...

Marina said...

Depois da sua retribuição `aminha visita, voltei pro EMBUCHADA e acabei ficando um tempo por lá. De lá vim pra cá e também adorei. Eu acho tão legal ver como nós somos todos bichos da mesma espécie, com os mesmos dramas. Faz um bem danado saber que não estamos sozinhos neste barco. Dá uma olahda neste post meu: http://maesolteirarecemcasada.blogspot.com/2009/04/ex-novas-qualidades.html
Alguma semelhança?

Anonymous said...

Que incrível... com palavras tão simples você soube traduzir as melhores coisas da vida, e que passamos o tempo todo tentando esconde-las.. pelo menos eu passava! (rs) Parabéns, você sempre nos surpreendendo e fazendo da sua Doce Rotina, uma surpresa a cada dia! Beijos Débora Cruz

daise said...

Aninha, te reencontro depois de anos, pela Cris, pra me deliciar com teu texto e me lembrar por que eu gostava tanto de ler teu blog.
Adorei o texto, me identifiquei com ele e espero continuar fazendo doce a minha rotina.

Beijos.

Anonymous said...

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Biba Arruda Marques said...

Vc conhece Elisa Lucinda. Amo! Assisti no teatro Parem de Falar Mal da Rotina. E em maio descubro que ela lançou um livro que nasceu da peça. Vc vai amar!

Anonymous said...

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