Wednesday, January 3, 2007

Velho ano novo

Pois então, de novo, como uma mágica, fez-se natal.
Nós o fizemos, ou ele aconteceria a nossa revelia?
Não sei dizer, mas não me canso dessa pergunta. O ano-novo, ele viria senão soltássemos os fogos, senão usássesmo roupas brancas, senão tomássemos champagnes? aparentemente sim. Mas, pensemos bem: Sem o especial do Roberto Carlos, sem show da virada, sem musiquinha na televisão, nada, nenhum sinal sequer, sem calor ou sem shoppings lotados. Viriam mesmo assim?
O natal e o ano-novo são quase tão certos como a morte não é? Sempre aquele tempo ridículo e mágico, cansativo e alegre, chatíssimo e lindo, tão deprimente e, ao mesmo tempo, tão cheio de esperança.
Apesar de sabermos disso tudo, apesar de sabermos que, em janeiro, ainda teremos tudo o que tinhamos no dia 31 de dezembro, absolutamente igual e rotineiro, apesar disso, ainda me despeço do ano com certa intensidade. Uma intensiadade ridicula e inevitável.
Esse ano, como em todos os outros, me deu aquela preguiça de esperar a meia noite. Morro de sono e desejo que o última dia do ano seja um dia normal, onde eu veja a novela, vista meu pijama e durma as 10 da noite. Mas, lutando contra o sono me vi fazendo aquele balanço do ano e, quando eu menos esperava... Vieram as lágrimas...
Aquelas lágrimas sem sentido e sem muita explicação. Aquelas que doem, doem tanto e não se justificam e sequer se explicam brevemente.
Por um instante, no entanto, entendi. Entendi quando tentei segurar o ano com as minhas próprias mão, como se fosse um lençol velho despencando pela janela. eu o segurava, tantava puxar de volta pra mim, e o tempo o arrancava de mim.
O ano do meu casamento, o ano da minha promoção, o ano da minha viagem à Itália, o ano de maior união da minha família... O ano em que meu sobrinho completou 8 anos, o ano em que uma amiga engravidou, o ano em que tive um projeto novo, o ano em que menos chorei e mais me alegrei em toda a vida. Um ano de dívidas, mtas, caríssimas, dessas que a gente acha que não vai vencer... Um ano de cheque especial e momentos mais que especiais também.
Tentei agarrá-loa os prantos. Não quero que se vá, eu repetia em vão. Quero mais dias nesse ano, mais tempo em lua-de-mel, mais tempo tomando sol, mais tempo jantando em família. Não, não quer que se vá esse ano que meu cabelo cresceu tanto, e eu emagreci um pouco, ah...nào...
Chorei, chorei, chorei até cansar, quando, de repente, lembrei-me de mim mesma criança, sem entender porque todo mundo usava roupa branca, sem entender porque afinal diziam que era o fim dequalquer coisa se, no outro dia, lá estava o sol se erguendo de novo como todos os incansáveis dias que eu já tinha existido. Aquilo não fazia sentido, eu pensava. Participava por que me mandavam participar, mas nunca, nunca compreendia. Ai que bom ser criança e não compreender nada nào é?
Revivi esse tempo em um instante e, subitamente, me acalmei. Pus a roupa conforme mandava a ocasião, me arrumei conforme mandava a ocasião, champagne em punhos, conforme mandava e momento e pronto. Comemorei a alegria de um tempo que continuou logo em seguida, no dia 1o de janeiro com o sol saindo tímido entre as nuvens, como se fosse um dia de maio qualquer...

5 comments:

Anonymous said...

Adorei, vc resumiu bem o que eu tambem sinto nos finais de ano e nesse eu passei sem as costumeiras celebracoes, apenas rotina de um tempo que vai e vem como as ondas do mar...beijos. Um Ano super auspicioso pra vc

Anonymous said...

Uau, Kika!Que escritora você é, heim?!!!
Adorei ambos os textos!
Não deixe de manter viva essa sua chama!
Feliz 2007 para você e sua família!

Vou tentar fazer um link com seu blog lá do meu
www.artereflexa.blogger.com.br
Beijinho da Heloisa

Anonymous said...

Querida....vc é uma figura! Nem sei oq ue pensar do ano que terminou....mas olha: AMO VOCÊ, pra todo sempre. beijo e que 2007 vc se alegre mais e tenha mais momentos do que cheques especiais...hehe
Mari

Bruno said...

Oi querida, muito legal, vc realmente escreve muito bem e consegue passar seus sentimentos para o papel.

Te amo.
Bjs
Bruno

Anonymous said...

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