Wednesday, June 13, 2007

Novela da vida real

E ontem foi dia dos namorados.
Depois que se casa, muda, esse tal dia. Não é mais dia de se arrumar, se pintar, usar o melhor decote e jantar fora. Não, não há mais sentido em passar perfurme e caprichar na lingerie e nem há sentido no pequeno tremor que se pode sentir enquanto a namorada espera o namorado no térreo do seu edíficio. Em pé, roupa asseada, vida pronta de um casal que se basta no dia 12 de junho. Nada mais importa, no mundo.
Depois que se casa, dá-se atenção às filas, aos preços, ao trabalho que dá se pintar, se arrumar, se perfurmar. Algumas vezes, depois que se casa, dá-se atenção à dor no pé que causam os saltos, ao trabalho que dá pra tirar um rímel e para ficar o tempo todo murchando a barriga...
Ah o dia dos namorados passa a ser calmo e tranquilo, sem o tremor dos adolescentes, mas ainda com certa graça e alegria se nos lembrarmos de comemorar.
Eu, casada, enevelhecida e preguiçosa, arrumei a mesa, enchi de velas ao lados dos pratos, escolhi o meu melhor jogo americano e dei uma ajeitada na sala.
Temperei os filés, aqueci um pouco o queijo brie, fiz uns aperetivos, mas quando eu fui abrir o vinho me deu uma preguiça. Achei um Yakult na geladeira e devorei-o antes. Deixei o vinho pra lá. Enquanto a comida assava, fui trocar de roupa. Roupa arrumada? Ou roupa sexy? Aquela camisola rendada que nunca usei, quem sabe? Ai, hoje nào. Que ridículo tirar o frango do forno de camisola rendada, perigoso até me queimar, atrapalhar tudo sei lá. Então uso esse sapato novo, com esse salto lindo e aquela blusa de brilhinhos?? Ai vai dar uma dó lavar essa blusa, que tem que ser na mão, não pode por na máquina de jeito nenhum. E outra, não tem sentido machucar os pés pra andrar de salto fino dentro da própria casa. O pijama velho, no armário, piscou pra mim. Não, não, nào! O mínimo que eu posso fazer pelo meu casamento é vestir um jeans. E o máximo que consigo fazer dentro da minha casa é combiná-los com Havainas. E assim foi feito, antes que o frango queimasse. Ele chegou. Trouxe flores, um cartão lindo e nos beijamos. Não longamente que o “timer” do frango apitou. Corre, vê se o frango ficou bom. Lavo bem as mãos pra tirar o cheiro do tempero. Ai que água fria, está bom assim... Comida na mesa, a tv ainda estava ligada e eu queria ver o último bloco daquele programa. Só mais um pouco. Comemos em silêncio eu virando a cabeça pra assitir ao debate feminino no canal feminino. Acabou o programa, desligamos. Luzes apagadas né? Mal nos víamos na penumbra das velas, isso não tem sentido... Liga a luz vai. Olhamos olho no olho, tentando ser românticos, sorrimos como Brad e Angelina, suspiramos e viramos estátuas enquanto o letreiro começou a passar, dedicando o filme ao.... Nào. Mas quase. Lembramos da bebida. Hummm um vinhozinho, disse ele romântico. Claro, eu respondi docemente. Mas, complementei, nem gostamos de vinho, vai? Tem aquela bebida de açaí na geladeira, delícia hein?? Saí da mesa, pega a bebida traz pra mesa e, esquecemos os copos. Ele dá uma golada na garrada. Eu, humana, não aguentei a tentação e me deixei levar pelos prazeres da carne: Dei outra golada. Na boca da garrafa também. Calmà, nào era de 1 litro, era sei lá, de 500ml, achei que tudo bem...Pra que pegar copo...pensei acreditando que aquilo era supernormal.
E foi assim, bebendo açai na garrafa, com as luzes acesas apesar das velas, de havaianas e tomando cuidado pra não derramar nada no jogo americano que tivemos nosso jantar de frango delicioso e recheado, no dia dos namorados. Mas, claro, até a hora da novela só. Que era bem o dia que o Daniel ia desmascarar a Thaís!! Vamos ligar a tv, vai? Eu pedi sabendo que ele gostaria da ideía. E então, antes de passarmos pro sofá, ainda vesti meu velho e confortável pijama de moleton cinza, escovei os dentes, pus meu aparelho móvel e minha plaquinha de resina anti-mordida e assistmos as artimanhas do Daniel e da Virgínia abraçados no sofá.
Não sei se é romântico, não sei se é o certo, não sei se é o errado, mas sei que a vida assim, larga e confortável, pode não parecer bela como na Contigo! mas, vamos combinar, é boa a beça hein?...

5 comments:

... said...

linda, sempre linda.
e agora ainda mais doce, com rotina.
tô feliz, sim.
escrevo a tristeza e sou feliz.
já te disso isso, né?!
um beijo

Débora Böttcher said...

Querida,
Sim, a vida é exatamente isso, larga e confortável. E é por isso que é cada vez mais bela pra nós. :)
Super beijo.

K said...

ah que deliciaaa! vou te ler novamente! só escrevi pra dizer que to aqui, agora eu to indo ler tuuuudo por aqui dessa doce rotina!
beijo queridinha, que bom que está feliz! que delicia!

K said...

irresistivelmente romântico!
adorei

Anonymous said...

Obrigado!
Fico feliz pela visita
e pelo comentário.
Seja sempre bem-vinda.
Andei meio ausente,
mas aos poucos vou retornando.
E visitando os amigos,
abração,