Thursday, October 18, 2007
Produzido na insônia
Tenho tido dificuldades de dormir.
Tento todas as técnicas, mas diariamente tenho vivido a mesma coisa. É só deitar a cabeça no travesseiro que os problemas do dia começam a passear pela minha cabeça. Eu tento me livrar, mas eles insistem e, tranquilamente nadam - como peixes - no meu pensamento, bem na hora em que teria de esvaziar tudo...
Já me ensinaram a estratégia da bolha. Vou pondo cada problema dentro de uma bolha e visualizo a tal bolha saindo pela janela do quarto, devagar e, por fim, indo embora pelo céu. As vezes tento essa, mas passo horas até por cada item dentro de uma bolha. Meu marido sugeriu que eu pusesse todos os problemas de uma vez, em uma única bolha, mas é super confuso. Ele sugeriu até que eles fizessem uma fila, como se fosse um check-in pra entrar na bolha, mas nem todos os problemas ou pessoas se conhecem, e, na fila, já tive muitos problemas de discussões, gente querendo passar na frente do outro, enfim.
Acabava passando as primeiras horas da minha noite arrumando as bolhas e inserindo cada pessoa, (ou problema) dentro de cada bolha. Já inseri até um prédio inteiro numa bolha uma vez. e as pessoas, começaram a pular pela janela desesperadas, caindo na própria bolha, coitadas, uma confusão.
Talvez eu tenha usado a técnica de forma errada e ela começou a perder o efeito. Resolvi, na noite passada, tentar a técnica mais universal de todas: Os carneirinhos.
Me disseram que temos que visualizar os carneirinhos pulando a cerca de diferentes formas, pra não viciar o cérebro. Fiz o teste. Imaginei uma fila enoooooorme de carneirinhos brancos, todos aguardando a sua vez de pular a cerca. Veio o primeiro: Yupi! Pulou. Veio o seguno, pulou de costas. “O próximo” eu indicava que era a vez do outro, que deu uma pirueta no ar, e caiu de mal jeito. Lembrei daquele grupo de “puladores” que vivem por aí, pulando prédios, casas, barras, não sei, vi uma reportagem esses dias no GNT, pensei neles, e em quanto eu também sou malabarista no meu dia a dia, nossa, no meu trabalho, na minha vida, lembra aquela vez que... Pronto, devem ter se passado séculos, eu tinha me esquecido das puladas, e ainda estava desperta. Voltei aos carneirinhos, eles estavam emburrados: “Pô, bem na minha vez você mudou o pensamento??” Reclamou o que, agora, era o primeiro da fila. Olhei a longa linha e eles estavam todos emburrados. Eu tinha esquecido os pobrezinhos enquanto viajava nos skatistas. Eu disse skatistas?? “Eeeeeei, voltaaa!”. Eles fizeram um coro me chamando antes que eu os deixasse de novo. Um coro da voz dos carneiros, isso não pode ser normal. “Que carneirinhos abusados!” Eu pensei calada. Resolvi que tinha que baixar a bola deles e por alguém para que eles respeitassem, senão, iam se voltar contra mim e eram uma multidão de carneiros! Instalei ali, ao lado da fila, um enorme lobo-mau. Segurando um cajado ele, agora, daria as ordens: “Ei pessoal, o negócio é o seguinte, um por vez e só quando eu chamar. Trata de fazer diferente do colega da frente, hein?! E nada de reclamações! Quem manda aqui agora sou eu!” Pronto. Agora sim ia funcionar. Eles voltaram a pular, cada um pulava de um jeito enquanto o lobo ia gritando: “Próximo, próximo, próximo”. Resolvi olhar pra onde eles iam. depois de pular. Não consegui ver, mas fiquei curiosa. Tinham uns que faziam pulos excepcionais, umas piruetas, como aquela menina do pan, aquela ginasta. Isso, eles deveriam estar no Pan, esses danados. Mas pra onde iam? Será que eles voltava para o fim da fila? A fila nunca acabava, coitados! O lobo achou ruim comigo: “Ei madame, a senhora vai ficar dispersando e me deixando de lado, ou vai assistir diretinho aqui o nosso trabalho???” Tentei me concentrar, mas, de repente, pensei: “Poxa, até o lobo?” Não é possível, eu tenho que obedecer até os meus próprios monstros?? Vou exercer a hierarquia aqui, pelo menos dentro de mim, oras! Olhei bem para o lobo, para os carneiros, todos me estavam virado para mim, olhos assustados. Eu os peguei com cuidado, todos de uma vez, e inseri numa bolha. Deixei todo mundo se debatendo lá, dentro da bolha, enquanto ela saia pela janela do meu quarto, devagar, até sumir no céu de São Paulo...
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7 comments:
Adorei!! Bolhas, ou carneiros...ou pilulas azuis na pior das hipoteses...e eu pensando no qto a noite é grande e rende tanto. Beijo e bons sonhos
Ai, Ana,
Ando rindo muito com esses seus posts - li o da rotina pro Raul e a gente rui até. Deve dar uma boa 'discussão' regada a pizza. :)
Mas olha: isso de insônia é infernal e não há carneiros ou bolhas que resolvam. Nem pílulas azuis, ultimamente!
Clarice Lispector costumava dizer que quando tinha insônia levantava, fazia um café e dava a noite por encerrada. Acho que ia escrever... :)
Enfim... Se eu descobrir um antítodo pra essas noites em claro - imagine, ando conseguindo dormir só às sete da manhã! - compartilho.
Um beijo e que venha o fim de semana pra, quem sabe, a gente se encontrar, rir e depois descansar, com muito sono e em paz. :)
Amiga, noite que vem quero ir contar sua ovelhas pra vc...que já não aguento os sonhos...Posso ir?
Beijo e bom domingo :)
Ótima! Ri até, como a Débora. Também já contei carneiros e meus pensamentos iam junto com eles para outros lugares... esta da bolha eu não conhecia, será que funciona? Meu namorido me ensinou a técnica da respiração cadenciada e profunda e, também, meditação quando não consigo dormir. Às vezes funciona... mas quando os monstros internos são muito bravos, não há carneiro, bolha ou meditação que resolva.
Ah, cortar o cafezinho ajuda (principalmente a partir do final da tarde). Tomar um copo de leite frio, antes de deitar, também é bom ;)
beijos e bons sonhos
Eu tenho dificuldades para dormir! e a técnia do carneirinho só funcionou uma vez... Mas acho que contigo deu certo! Porque isso era um sonho né? hehe
Querida
Tenho um convite pra vc lá no blog...
beijo
Ei KIKA, esse é muito engraçado, adorei. Mas procure levantar as 6 todos os dias inclusive fins de semna , ah! amiga não carneiro, nem bolhas, nem pílulas que resistam , até o lobo vai se cansar e dormir a nite toda, ah, ah, ah Celinha
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