Thursday, September 17, 2009

Já sei

Escrevi esse texto faz muito tempo, quando eu estava em um outro emprego, tão repressor, que nem tive oragem de publicar aqui no blog, mesmo que tão pouca gente leia. Agora, que o tempo passou e eu desapeguei, achei, no fundo do baú...

Eu já sei, vou falar assim, que queria conversar, porque não estou feliz nesse emprego, acho que poderíamos mudar algumas coisas, de repente eu posso começar a tentar uma atividade nova, ou mudar de projeto, se eles não se importarem. Não, não. Não posso falar que quero mudar de projeto, que fica muito radical, vai parecer abandono. Vou mais devagar...
Já sei, vou dizer que vejo outras oportunidades para mim e para eles. Isso. Coisas onde eu possa agregar mais e também me sentir mais feliz, porque vão ser coisas que se parecerão mais comigo. Não, tá parecendo muito blábláblá essa coisa de agregar. Eu posso mudar a palavra. Vou dizer então, que seria melhor pensarmos em uma outra alternativa. Se bem que falando assim, com tanta leveza, eu dou brecha pra ele me enrolar. E, do jeito que o nego é, vai me enrolar bonitinho. Vou sair dessa conversa inconformada. Não, não vou pensar assim que atrai. Vou pensar positivo, vou sair dessa conversa radiante, feliz. Vou mesmo dar um pulo no escritório, assim que fechar a porta. Não, não, vai que tem as câmeras, sei lá. Mas vou ser forte e firme nos meus interesses, chega de fraquejar, de insinuar. Melhor chegar metendo o pé na porta: “Olha fulano, aqui, nessa área, não fico mais. Ou vocês me mudam, ou eu saio!” nossa, mas, nessa crise, dizer algo tão extremado pode ser um bocado arriscado. Se bem que, vai parecer que confio no meu taco e vai passar uma idéia de força, que é justamente do que preciso. Duro é se só eu confiar sozinha. Acho que vou nessa linha: “olha, não to feliz e, falando honestamente, preciso mudar”. De repente até me desculpo pela objetividade: “Peço desculpas por ser assim, tão objetiva, mas a situação é muito clara pra mim, e quero que fique muito clara pra você também”. Ah, ficou bom né? Posso pôr mais ênfase nas desculpas, esticar a mão assim, ou de repetente até dar um soquinho na mesa. Ai, que ridículo, vai ficar muito Cristina Kirchner...
E se eu não falar nada? De repente, vou faltar uns dias, fingir que tô meio pra baixo, até alguém perguntar alguma coisa e daí eu digo assim, como quem não quer nada: “ah, pois é, sabe como é né?” e baixo os olhos assim, meio de lado, voltando ao meu trabalho ou empilhando uns papéis, fazendo um ar de “To odiando mas sou fooooda, por isso não falo” aposto que vou deixar a pessoa agoniada. Ai, mas qual vantagem deixar o outro agoniado? Ou – pior - e se ninguém nunca perguntar? Eu não ando mesmo muito feliz e ninguém nem notou...
É melhor eu conversar agora, de uma vez, preciso enfrentar essa minha timidez, deixar de ser boazinha, bonitinha, certinha. Vou ser mais agressiva, assertiva, positiva: “Olha, te agradeço mais estou indo!” hahaha, que idiota, quem é que fala desse jeito? Te agradeço e tô indo? O cara vai achar que estou assistindo muito CQC, beijo-tchau, e aí é que me desmoralizo de vez. O ideal, o ideal mesmo, é se ele mudasse. Se ele saísse da liderança, e viesse o ciclano. Mas não tem como.... Só se tiver um acidente, ele viaja tanto... Cruzes, to ficando muito maldosa, não era pra ser assim. Ai, vou parar de pensar nisso, estou ficando confusa. Mas eu podia dizer isso: “olha, estou ficando confusa, preciso de ajuda”. Isso, pedir ajuda parece meio humilde, ele vai se sentir importante e querer provar sua generosidade. Eu digo que sem a ajuda dele não vai funcionar, que precisamos mudar algumas coisas e eu não sei como fazer: “Olha amigo, eu acredito muito nesse trabalho, mas também acredito que uma andorinha só não faz verão.” Ah, imagine, o homem vai rir na minha cara, capaz que me responda com um “água mole em pedra dura” pra ficarmos na mesma linha, que palhaçada. Vou esquecer isso. Pra que eu preciso me provar, falar, fazer acontecer? Porque não posso ficar lá, fazendo um trabalhinho maomenos, tá bom, um cantinho um violão, uma mesinha e meu computador, já dá pra pagar as contas, vou deixar por isso mesmo, quem é que precisa mesmo um emprego dos sonhos? Tanta gente é lixeiro, faxineiro, até ascensorista existe e elas vivem, não? Ainda ganham mal... eu não, pelo menos ganho bem ué...
Humm, mas e se eu disser isso? Vou dizer que poderia até deixar por isso mesmo, já que estou numa zona de conforto, conheço bem isso e pago as minhas contas. “Mas não é isso que me interessa” direi assim categórica. Posso até dar um soquinho na mesa, pra impressionar. Soquinho na mesa? Eu disse isso? De novo? Vou esquecer, chega, esquece, esquece, esquece, sai da minha cabeça conversa maldita. 1, 2, 3. vou comer uma barra da suflair e pronto, cabou. Depois vou comprar um vestidinho pra mim.... Já me ferro tanto nesse trabalho de merda, tenho que ter outros prazeres. Isso sim, pronto...

2 comments:

Jujú said...

Olá...

Vi sua receita publicada no Rainhas, das quais tb sou mega fã, e vim conhecer seus lares virtuais!

Devo dizer: amei eu jeito de escrever, e tu ganhou uma leitora!rs

Não que eu seja lá grandes coisas...

Beijocas e prazer!

P.S - Ah, e parabéns pela Sofia, que concordo, deve ser o maior milagre de todos!

Caty M. said...

Ana, querida! Que bom voltar à rotina dos blogs e reencontrar vc aqui! E numa fase tão feliz e sublime da sua vida que é a espera da Sofia... =)

Estarei por aki mais vezes, como antes, como sempre... =)

Bjo grande pra vcs duas =**