Talvez seja a idade, talvez seja o tempo. Talvez seja o aquecimento global, o marido, os amigos, os inimigos, não sei. Fato é que, ano após ano, dia após dia, nós mudamos.
Há os que defendem que não. Não mudamos, somos os mesmo por toda uma vida, mudamos pouco, superficialmente, quase nada, dizem outros.
Eu, contrariando até mesmo alguns nomes da minha própria formação, defendo fortemente que podemos sim mudar. E mudamos. Não só quando queremos mas, muitas vezes, quando não queremos também.
Eu era um tonta, uma completa idiota, e hoje sou mais ou menos esperta. Em alguns pontos, até bem esperta.
Eu era uma menina solitária, desolada e, algumas vezes triste. Fui contra o casamento, abominei e amaldiçoei o amor, achei brega, cafonérrimo se casar e formar família, achar que é possível um amor durar para sempre, e depois brigar e se separar e em seguida morrer de saudades e voltar.
E hoje.. Veja bem... Já cheguei na parte do casar, estou montando uma família e, sim, há tempos já acho que o amor pode durar para sempre.
Eu odiava pimenta e hoje sou praticamente uma engolidora de fogo. Odiava M&M de amendoim que é hoje, o meu preferido. Adorava brincar com crianças por horas, dias se fosse preciso e hoje, ainda que goste muito, talvez não dure tantos dias.
A gente cresce. Abandona uma menina inocente e se tora uma mulher safa. Deixa de ser um pivete e se torna um homem. Eu assisto, todos os dias, essa construção de um homem novo se dar no homem que vive comigo. Ele era um pivete, um moleque que só falava gírias e apertava a mão mole... Hoje, esse rapaz é um adulto que se expressa bem, fala palavras que complicam que as ouve, e é capaz de quebrar os dedos de alguém quando os cumprimenta com um seguro aperto de mãos.
A gente muda. A gente muda pra melhor se formos espertos e mudamos pra pior quando somos meio lentos. Deixamos de ser tão rígidos, deixamos de ser tão falantes, deixamos de ser tão tímidos, deixamos de ser tão preconceituosos e, ao mesmo tempo, podemos nos tornar mais medrosos, mais fracos, mais acomodados...
A vida é mesmo assim e, se não mudarmos por bem, acontecerá de sofrermos mudanças tão bruptas, nos sentirmos tão desamparados e tão absolutamente perplexos com as rasteiras que a vida nos pregará que, sim, seremos novos no outro dia. Talvez mais tristes e mais austeros. Talvez mais chatos e mais ranzinzas mas, de uma forma ou de outra, o mundo nos chamará à mudança pra mostrar enfim, que quem manda aqui, definitivamente, não somos nós.
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2 comments:
Aninha, com certeza que a gente muda. Já lembrei de tantas coisas aqui que eu fazia diferente, gostava diferente, achava diferente. Bem, pelo menos no seu caso, o garoto com quem vc se casou virou homem, e mudou pra melhor. O meu garoto, bem eu não me casei com ele, pq ele não quis, e disse ainda que não queria mudar, e que nunca iria voltar atrás. Bem, isso é uma coisa que a gente não decide. Só fico pensando se, se um dia ele mudar, onde estarei? Junto com ele ou dez passos à frente?
Beijocas de cristal!!!
A leitura do teu texto me fez lembrar de duas composições:
A lista, de Oswaldo Montenegro
"Aonde você ainda se reconhece / na foto passada ou no espelho de agora? / Hoje é do jeito que achou que seria? / Quantos amigos você jogou fora?" e
Dublê de corpo, dos Heróis da Resistência - salve rock anos 80"Eu não reconheço mais, olhando as fotos do passado / O habitante do meu corpo, deste estranho duble de retratos / Talvez até eu já vivesse em algum corpo emprestado"
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