Friday, September 19, 2008

Das bobagens do cotidiano I



Na padaria, tomando café da manhã, ela chupa, pelo canudinho, o resto do suco de mamão do copo, e encontra uma surpresa:
- Olha amor, que interessante. Tem um pedaço de mamão intacto aqui. Um quadrado.
Ele, ainda sonolento, repara e balbucia:
- É mesmo.
- Como será que ele sobrou? Como todos os outros pedaços de mamão não escaparam à lâmina do liquidificador e, bem esse, conseguiu ficar intacto.
- Desviando da lâmina, ué. – Ele responde antes de morder o pão com manteiga.
- Que danado, né? Porque ele é um quadradão, olha! Impressionante ter desviado das lâminas!
- É.
- Deveria ir para as olimpíadas esse teco de mamão. É muito mais ágil que os outros. Ou para o circo de soleil, sei lá...
- Daqui aqui esse mamão – Ele tenta garfar o mamão sobrevivente do copo dela.
- Não!!!
- Hã? – ele pergunta sem entender nada.
- Não vai comer esse pedaço não! Coitado, o mamão teve tanto trabalho pra se desviar das lâminas, não vou deixar você acabar com ele assim...
- Ele olha pra ela, indignado, balança a cabeça, chama o garçom, e pede uma pratada de mamão. Todos cortados em cubos...

2 comments:

Amor amor said...

Menina, como é que vc faz um pedaço de mamão virar um texto tão reflexivo? É por isso que venho sempre aqui.

Nós somos todos os dias pedaços de mamão que sobrevivem às lâminas do cotidiano...

Um ótimo fim de semana, ensolarado em todos os sentidos!

Beijinhos doces cristalizados!!! :o*
P.S. Quando puder, passa lá na Rosa pra pegar seu presente!

Anonymous said...

Prazer, sou Bruna!
Quando entrei nesse blogger e li alguns textos seus, a primeira coisa que pensei foi: não estou sozinha. Ou talvez não tenha pensado isso, eu penso tanto, em tantas coisas e não consigo falar com ninguém sobre os inúmeros pensamentos. Tento conversar com minha mãe, meu namorado, mas eles não conseguem compreender a razão de tais pensamentos, muito menos continuar o meu pensamento e aprimorá-lo. Devoro livros em busca de algum poeta que possa, com páginas aparentemente sem vida, continuar meus pensamentos, "conversar" comigo sobre eles. Muitas vezes encontro na literatura o que busco, mas me sinto insatisfeita, pois eles não podem, infelizmente, trocar idéias comigo sobre o mundo de hoje e todas as loucuras ou normalidades que penso diante dele.

Estou pensando seriamente em fazer um blogger. Se os meus inúmeros estudos a fim da aprovação no vestibular me deixar.
Enfim, penso, penso e o que muitas vezes o que encontro são crises existenciais.
A minha mãe diz que quem tenta entender muito o mundo, acaba enlouquecendo. Concordo com ela. Por isso, busco refúgios incontáveis. Todos politicamente e éticamente corretos pra esse mundo, que na verdade, de correto, possui quase nada. Mas vivemos nele...
Sou cheia de contrastes e odeio não poder entender tudo e sei que é impossível achar explicação pra todas as coisas. Na minha classe, sou a nerd e certinha da classe; a estudiosa e moderninha pra minha família; a perfeitinha pra minha mãe e pro meu pai; a inteligente e viajona pro meu namorado- de acordo com ele, muitas vezes eu digo tudo que ele quer dizer, muito bem, mas as vezes eu exagero.
Pra mim, não sei como me descrever com perfeição. No fim da minha vida, espero saber.

Pois bem, escrevi esse textinho pra ti me conhecer um pouquinho. Vou deixar meu email aqui. Se tu quiser me responder ta?
brunagregolim@hotmail.com

Beijos, adorei seu blogger!